sexta-feira, 20 de fevereiro de 2015

Yoga Sutras - Patanjali



http://www.sacred-texts.com/hin/yogasutr.htm

A suma compilação da ciência da busca espiritual escrita pelo sábio Patanjali.

Os quatro primeiros sutras (aforismos):

1.1 Now, instruction in Union.
1.2. Union is restraining the thought-streams natural to the mind.
1.3. Then the seer dwells in his own nature.
1.4. Otherwise he is of the same form as the thought-streams.

A União (Yoga) com a fonte espiritual da qual nosso ser participa, que se poderia chamar de pura consciência para além da percepção sensível dos sentidos e do fluxo ordinário dos pensamentos, só é possível pela discplina da mente. Quando o espírito (seer), por um esforço contínuo de auto-controle, consegue se 'desligar' do fluxo mental alimentado pelas percepções, pela memória e  pela imaginação, ao invés de cair num vazio aniquilante ele transcende a consciência física de espaço-tempo e mergulha na dimensão eterna do logos.  Isso é o Samadhi (nas palavras de Sivananda, the state of superconsciousness where Absoluteness is experienced attended with all-knowledge and joy. Oneness).

sexta-feira, 13 de fevereiro de 2015

O gênio de Mário Ferreira dos Santos - II



(...) "A elevação do homem só pode dar-se pelo caminho da purificação da vontade, do entendimento e do amor. Há necessidade aí de uma catarse constante. No segundo grau deve ele prosseguir se libertando de tudo quanto vicia o que é de mais elevado no homem: a vontade, o entendimento e o amor.

Vimos nos comentários de Hiérocles que é este o sentido da sua interpretação e é a de todos os grandes pitagóricos, ou seja: somos um ser capaz de atingir os graus eminentes, hierarquicamente superiores na vontade, no entendimento e no amor; por isso não há um pitagorismo que se cinja apenas à conquistar a liberdade, porque a liberdade sem ser assistida por um entendimento são e por um amor puro, será imperfeita. Não é apenas cultivar o entendimento pelo saber, porque o saber sem uma vontade livre, já libertada e isenta de paixões e sem um amor purificado, servirá mais para o mal do que para o bem. Da mesma forma, o amor não pode ser apenas um anelo intenso de um bem ou de algo desejado se não for assistido por uma vontade livre e por um entendimento purificado porque, do contrário, tudo isso em vez de aproximar da Divindade, dela nos afastaria. O satanismo também pode atingir uma vontade livre, um entendimento elevado e pode ter um amor intenso nos mais altos graus, mas será uma vontade desviada para bens que não dignificam o homem, que não o elevam. Será um conhecimento que não tende para as realizações superiores, será o amor dirigido não para aquilo que eleve, mas sim para o que deprime. O grave erro foi julgar-se que bastava apenas uma vontade livre, um grande saber e um intenso amor para que o homem atingisse a sua perfeição. Não! É preciso que essa vontade seja livre das paixões e dirija-se para o bem que o entendimento ou a inteligência escolheu, e o amor deve estimular e unir tudo isso. Devem juntos tender para o alto, para o superior, do contrário esse homem, em vez de subir a escala da perfeição e aproximar-se das virtudes divinas, permanece com virtudes humanas, que os tornariam poderoso, no campo do mal e não no campo do bem. Esta distinção, a nosso ver, é muito importante.

Pitágoras e seus discípulos observaram em todas as crenças (sobretudo ele que viajara e vira os mais diversos povos) os homens prestarem homenagens aos deuses mais estranhos, porém sempre notou que tinham um anseio maior ou menor de perfeição. Se seguiam vias erradas era devido a verdade não estar bem assistida pelo entendimento. Se o ódio, às vezes, dominava, era porque o amor se desviara e se tornara ódio para tudo quanto impedia a conquista do bem por eles julgado superior. Compreendeu, então, que nem todos os seres humanos são capazes de percorrer esta via, que é a iniciação, de entrar neste caminho e passar as etapas para alcançar, enfim, a perfectibilização constante da vontade, do entendimento e do amor. Era assim preferível que estes pelo menos prestassem aos deuses o culto consagrado e guardassem cuidadosamente a sua fé. O trabalho dos pitagóricos teria que ser lento e oculto, no maior silêncio. E por que? Porque como poderiam eles ir às multidões e dizer: “A vossa crença é apenas temor, terror; vós não praticais o mal porque temeis os castigos que a religião vos ameaça, vós praticais o bem na esperança de obterdes vantagens. Estais errados, tendes, sim, que seguir outro caminho.” Essa atitude dos pitagóricos não seria absolutamente construtiva, seria perniciosa! Favoreceria o ateísmo (cujos estragos foram e são terríveis na História...) daí que, em primeiro lugar: preparar homens para que se tornassem amanhã os mestres de uma juventude que, por sua vez, quando adulta, fosse capaz de multiplicar o verdadeiro conhecimento; e que pudessem resistir à invasão das falsas idéias que assolavam as escolas e ameaçavam subverter o pensamento. Deste modo dar um conhecimento profundo, permitindo que o homem atingisse as realizações perfectivas superiores, tornando-se semelhante à Deus.

Esta era a única solução e, ainda hoje, o é! Tudo mais tem malogrado porque não podemos deixar de considerar esta verdade: a maioria dos seres humanos não tem o conhecimento suficiente, não possui os meios necessários para compreender a grandeza de uma vida pitagórica. Não podemos contar com o bem espontâneo do coração humano, porque este é raro ou, pelo menos, o é num grau tão ínfimo que não vence as paixões e os interesses aguçados por aqueles que sabem como explorá-los, para tirar vantagens dos mesmos em seu próprio e único benefício. Eis porque o pitagorismo não podia atuar como atua um partido político, nem como um simples culto que fala às multidões, procurando transmitir algumas idéias. O trabalho deles era muito maior e é muito maior hoje em dia. A construção do homem bom e justo é um trabalho milenar! Se tivesse começado e sido levado em frente, como Pitágoras pretendia, teria dado maiores frutos do que deu. Este trabalho é incompreendido por aqueles que tem uma visão estreita, utópica, quimérica da sociedade, que julgam que basta modificar apenas algumas relações humanas, mudar algumas situações para transformar profundamente e essencialmente o homem. Eles demonstram pouco conhecer a realidade da alma humana, pouco sabem do homem no seu íntimo e não percebem dos graves perigos que todo o ser humano está exposto. (...)"
(SANTOS, Mário Ferreira dos. Versos Áureos de Pitágoras) 

Alienação




O ser humano precisa de religião na medida em que só cresce e se aperfeiçoa pela dialética permanente entre vida interior-social, verticalidade-horizontalidade. Quem vive disperso pelo tumulto do mundo jamais encontrará paz e plenitude de significados, pois é buscando Deus que o homem encontra o centro de seu ser.

A verdadeira alienação é a alienação de Deus.

domingo, 8 de fevereiro de 2015

Mente



A mente como razão pura não está na cabeça, mas no coração. O coração é a porta que leva aos universais, aos logoi, aos princípios que ordenam a realidade.

Nada obstante, a razão instrumental, compreendida como a mente em seu aspecto de substância do pensamento, de fluxo mental constante, de processo moto perpetuo de relações lógicas, é deveras importante, posto que de nada adianta penetrar no âmago da realidade sem a capacidade de se lhe apreender o conteúdo e traduzi-lo manifestamente pela inteligência. Assim que é mister aperfeiçoar a mente lógico-dedutiva pelo estudo, pela meditação, pela reflexão filosófica, afinando-a para que opere de maneira coerente, apurada, objetiva, bem servindo de fidedigno espelho às luzes espirituais.

sábado, 7 de fevereiro de 2015

Civilização Brasileira



A grande contribuição civilizacional que o Brasil tem a dar ao mundo é o reencontro entre Ciência e Religião, numa síntese que lançará novas luzes sobre o conhecimento e a ordem social.

E isso passará, necessariamente, pelas obras de Mário Ferreira dos Santos e W.W. da Matta e Silva.


Suarez

" (...) Finalmente, para incrementar esta certeza nos primeiros princípios, pode ajudar muito a consideração da própria luz do entendimento, com que se manifestam os primeiros princípios, a reflexão sobre a mesma, e sua redução à fonte de onde dimana, a saber: a própria luz divina. Assim, pois, retamente, julgamos que os primeiros princípios são verdadeiros, porque com a própria luz natural, mostram-se tais imediatamente e por si, pois em tal modo de assentimento não pode esta luz enganar-se, ou induzir a erro, por ser uma participação da luz divina, perfeita em seu gênero e ordem. (...)" 



São Boaventura

"(...) Algo assim como a luz, forma substancial do corpo, move este até à última forma substancial. 
Assim, também a luz das idéias divinas move e conduz a nossa mente, por entre as verdades 
parciais de nossos conhecimentos, para a visão de uma verdade mais elevada, na qual se acha a plenitude da evidência, que fundamenta seu assentimento de maneira infalível. Mas assim como a forma substancial da luz não é a única causa das novas formas substanciais, assim tampouco a luz divina é a única que move a nossa razão, mas juntamente com a luz da verdade dos primeiros princípios e a luz que recebe das coisas. Das idéias eternas recebe a nossa mente a certeza simpliciter dos primeiros princípios e destes a certeza secundum quid. É, pois, pela luz das razões eternas que nossa mente recolhe, ordena a multiplicidade de nossas experiências sensíveis, dos conceitos, dos princípios formados à base das coisas, e os conduz até os primeiros princípios simplicíssimos, pelos quais a mente conhece e julga, e que não pode ser de outra maneira (...)"


A Sabedoria dos Princípios - MFS



"(...) Uma ordem implica, portanto, uma sequência de termos ordenados, segundo um logos, segundo uma lei. O universo, realmente, revela isso, e revela mais: que a nossa mente, quando trabalha com absoluta precisão lógica e dialética, corresponde à realidade. Jamais, quando bem ordenada, entra ela em contradição com a realidade. Vê-se que a estrutura de nossa mente é cosmicamente organizada, como é também o universo, (...)"

"(...) Em suma, a posição cristã em torno da Matese gira à volta da sapientia, da sophia. A sapientia (sabedoria) é pelos cristãos considerada um dom, e ela pode ser tomada sob dois aspectos: uma sapientia (ou sabedoria) increada, revelada através dos livros sagrados, e uma sapientia criada, infusa, verdadeiro dom de caridade doado ao homem. É graças a esta sapientia, que é uma virtude intelectual, e ao intelecto dos princípios, que é um dom que marcha para a cognição, que é um modo deiforme de contemplação, que o homem pode, pelo intelecto, aproximar-se cada vez mais de Deus ao captar as leis supremas, os arithmoi arkhai, os paradeigmata, os arquétipos. (...)"

"(...) Um ente absolutamente simples seria formado pelo logos, que o rege imanentemente. E nos seres apenas relativamente simples, este logos da imanência é a sua lei de proporcionalidade intrínseca. A forma é uma lei que rege imanentemente o ser. Agora a natureza dessa lei, o que a constitui, é que passa a ser objeto de pesquisa posterior. 

Não se pode, porém, considerar a forma apenas como disposição das coisas em relação umas às outras, porque, neste caso, ela seria apenas a ordem dispositiva das mesmas. A forma tem de ser concebida, em alguns casos, como no ser vivo, como um princípio imanente, que rege o ser; portanto, um poder. (...)" 

(SANTOS, Mário Ferreira dos. A Sabedoria dos Princípios)

quinta-feira, 5 de fevereiro de 2015

O gênio de Mário Ferreira dos Santos



"A atualidade, em toda a sua pureza, é o ser que é apenas ser, é o ser ausente de toda deficiência de ser, é o ser Supremo. Porque, na verdade, ele é apenas ser, cuja essência é ser existencialmente apenas ser. É a intensidade suprema de ser. Com a fonte e origem do que é não pode ter vindo do nada, é ser.

A fonte e origem de tudo quanto é tem de ser apenas ser, tanto ontológica quanto ônticamente, por que, do contrário, teria uma concausa no nada, o que seria absurdo. De maneira que a primeira fonte só pode ser o ser, que apenas é ser.

Esse ser, que é apenas ser, não poderia deixar de ser, nem sofrer diminuição de ser, porque, sendo simplesmente ser, o que perdesse de ser, sem deixar de ser, seria parte dele, o que é absurdo ante a sua absoluta simplicidade, a qual não pode admitir partes.

Ademais, dar-se-ia ao nada o poder de arrebatar ser do ser, o que seria absurdo, ou ter-se-ia de admitir que o ser seria capaz de se corromper, o que seria impossível dada a sua simplicidade; por que só se corrompe o que é composto, pois a corrupção implica dissociação, separação.

Então, este ser, que é apenas ser, existe de todo o sempre. Senão teria tido um princípio, e receberia o seu ser de outro, que, por sua vez, teria princípio, ou receberia do nada, e, neste caso, o nada teria o poder de realizar o ser, o que é absurdo, por que o nada é nada. 

Existindo de todo sempre, não pode sofrer adaptações acidentais, nem tampouco mutações substanciais, pois sendo absolutamente simples, como seria isso possível de dar-se?

Se sofresse adaptações acidentais, esta simplicidade absoluta não seria absoluta, seria relativa, por que o que acontece é algo que, de certo modo, não é do pleno exercício do ser de um ente.
Mas o que se atualiza, e neste caso o Ser Supremo seria uma potência passiva para atualizar em si alguma coisa, e estaria à espera de um ato que o atualizasse, que atualizasse essa parte passiva, o que seria negar a sua absoluta simplicidade. Também, como consequência, a sua duração apenas pode ser uma simultaneamente consigo mesma, já que o que dura sucessivamente, passando de um estado para outro, é o que se dá no tempo, e a duração do Ser Supremo, não se dando sucessivamente, é eterna, é, pois, duração totalmente simultânea de algo, que é invariável no ser, e também no operar."

(SANTOS, Mário Ferreira dos. A Sabedoria da Unidade)

Vontade de Sentido - Frankl e Eu



"O de que o ser humano realmente precisa não é um estado livre de tensões, mas antes a busca e a luta por um objetivo que valha a pena, uma tarefa escolhida livremente. O de que ele necessita não é a descarga de tensão a qualquer custo, mas antes o desafi o de um sentido em potencial à espera de seu cumprimento. O ser humano precisa não de homeostase, mas daquilo que chamo de “noodinâmica”...Ouso dizer que nada no mundo contribui tão efetivamente para a sobrevivência, mesmo nas piores condições, como saber que a vida da gente tem um sentido. Há muita sabedoria nas palavras de Nietzsche: “Quem tem um por que viver pode suportar quase qualquer como

(FRANKL, Viktor. A vontade de sentido)

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Eu:

O sentido está justamente em realizar a intencionalidade do logoi determinante do nosso ser. Ele não se constrói de fora pra dentro, a partir apenas da história de vida (no sentido mais 'positivo' do termo) de cada um, mas antes é a expressão do que nós essencialmente somos, e pelo quê somos. Daí que a realização do sentido dentro do tempo será, com mais ou menos perfeição e coerência, sempre uma auto-realização.


Order and History



"A first ray of meaning falls on the role of man in the drama of being insofar as the success of the actor depends upon his attunement to the more lasting and comprehensive orders of society, the world, and God. This attunement, however, is more than an external adjustment to the exigencies of existence, more than a planned fitting into an order “about” which we know. “Attunement” suggests the penetration of the adjustment to the level of participation in being. What lasts and passes, to be sure, is existence, but since existence is partnership in being, lasting and passing reveal something of being. Human existence is of short duration, but the being of which it partakes does not cease with existence. In existing we experience mortality; in being we experience what can be symbolized only by the negative metaphor of immortality. In our distinguishable separateness as existents we experience death; in our partnership in being we experience life."

(VOEGELIN, Eric. Order and History, vol. I, p.42)

terça-feira, 3 de fevereiro de 2015

Realização



De uma maneira geral, todo ser humano tem um impulso à realização, seja de uma virtude pessoal, de um empreendimento ou de algo intelectual. E o que ele experimenta quando realiza? Experimenta crescimento, expansão, alegria, plenitude.

Ora, não se pode ser o que não se é, ainda que meramente como possibilidade e expectativa. Ao ato deve preceder a potência. Assim, toda auto-realização é uma realização de si, é crescer em si. A realização, sendo uma expressão de si, do ser que realiza, é sempre uma auto-realização, e movido pelo impulso de (auto-)realizar-se, o ser humano caminha, inexorável e inapelavelmente, para o crescimento e a expansão. Donde que mais pode realizar quem mais é, e vice-versa.
Realizar-se é ser de um modo mais perfeito o que se é, atualizando capacidades e poderes que estavam dados a priori (e desde sempre) como possibilidades. 

Tese Ontológica inspirada no pitagorismo da obra de Mário Ferreira dos Santos



Todo ser humano, como ser que é, como unidade ontológica, não sendo nem absoluto nem causa sui, é ser determinado. Esta determinação se dá pelo arithmós logoi, a lei de proporcionalidade intrínseca que caracteriza todo ser determinado.


O ser determinado, limitado, particularizado, não é de qualquer modo, mas sim de um modo específico, qualificado por um arithmós (sua razão interna, sua lei harmônica formadora, a vibração que lhe caracteriza) específico.


Os esquemas ontológicos, as razões internas, os logoi da unidade essencial (do ser) possíveis aos seres humanos são em número de 7 (sete).


Esses 7 (sete) logoi são identificados, tradicional e arquetipicamente, como os 7 espíritos de Deus, os 7 arcanjos, e daí, por analogia, às 7 trombetas, os 7 dias da criação, as 7 notas musicais, as 7 cores do arco-íris, os 7 planetas da astrologia, os 7 dons do Espírito Santo.


Todo ser humano, independentemente de qualquer acidente existencial, tem o arithmós logoi da sua unidade ontológica, de seu ser, identificado com um dos sete arithmós logoi primordiais (no caso, os arithmoi arkhai, os princípios supremos).


Todo ser humano participa de um dos sete arithmoi arkhai reproduzindo, analogamente, a mesma razão interna de determinação.


Firmando: os sete logoi primordiais, os sete arithmoi arkhai, são, em última instância, expressões volitivas do Absoluto, ‘diferenciações dentro da Unidade', aspectos ou modos de ser do Ser Absoluto. Estes, por sua vez, determinam os esquemas ontológicos, os modos de ser possíveis, a todos os seres, cuja participação nos arkhai se dá por meio da reprodução analógica da mesma razão interna (aqui, os arithmoi logoi). 

Arte



ARTE é o encontro de conteúdo e forma.

Quanto mais a obra de arte fizer ver o invisível pelo visível, o inteligível pelo sensível, o essencial pela síntese harmônica e insuspeita de elementos independentes, tanto mais ela se aproxima da perfeição e de seu objetivo maior. 

Cada expressão artística tem uma linguagem própria e uma técnica particular de dispor seu suporte material. É assim na literatura, nas artes plásticas e no cinema. Mas o grande artista é sempre aquele que realiza a proeza de exprimir o inexprimível, de atingir a consciência de forma direta, intuitiva e arrebatadora.

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O sentimento estético é, antes de tudo, extático.

Frente a uma grande obra de arte, ao gênio artístico, a consciência é arrebatada a uma dimensão inefável, onde experimenta o transcendente como harmonia e onde o belo é bom. 

A educação artística não é apenas prazer ou diletantismo, mas educação do espírito para o espiritual.

Inconsciente Coletivo



As cidades compõem-se, por óbvio, de coletividades. Essas coletividades, consciente ou inconscientemente, comungam de certas ideias-matrizes e certos padrões de comportamento. É o chamado inconsciente coletivo, qual seja, grandes formações psíquicas que espelham o padrão vibratório preponderante em determinado lugar.

O inconsciente coletivo tem um tônus vibratório, uma energia caracterizada  pela soma das emanações psicofísicas da comunidade convivendo naquele espaço. Assim como é certo que em todo e qualquer lugar coexistem pessoas das mais diferentes matizes, interesses e níveis de consciência num grau de diferenciação praticamente ilimitado, há também uma parcela representativa da população que tende a um psiquismo mais uniforme, 'coletivizado', primário. São elas que fornecem a 'matéria-prima' básica do inconsciente coletivo, de sua coloração predominante.

Essa poderosa corrente se recarrega do fluxo de emanações fluídicas por um mecanismo constante de retroalimentação, pelo qual busca imprimir na psiqué individual o padrão de reações e crenças que lhe é característica, reforçando e perpetuando sua existência.  Somente pelo cultivar de um espírito livre e de um pensamento crítico é que se almeja superá-la, mas escapar ao coletivismo autômato requer esforço e perseverança.

É o inconsciente coletivo, mais do que tudo, a razão de experimentarmos variações sensíveis na ambiência dos diferentes lugares e cidades (mesmo entre bairros, nas cidades maiores), quando nos sentimos ora melhores, ora piores (independentemente de questões urbanísticas mais explícitas), ora ambientados, ora estranhos. E é assim que cada um vive, ou busca viver, no lugar que lhe é mais afim, onde sente reverberar no social tanto mais do seu íntimo.